A cada dia que passa, mais eu percebo que este assunto sobre emprego aqui no Canadá ainda tem muita coisa para ser explorada.
Como todos sabem, eu passei pela primeira experiência canadense de ser demitido em plena crise mundial. Bem, até aí nada de excepcional...
Muitas outras pessoas também tiveram esta desagradável experiência... tanto brasileiros como canadenses. E é aí que está a diferença. Os brasileiros se comportam diferente dos canadenses diante desta mesma situação.
Este relato é apenas a minha percepção pessoal sobre o que eu tenho visto através de amigos que estão passando, ou passaram, pela mesma situação que eu passei; ser demitido.
Vamos às diferenças.
Desempregado brasileiro
- Normalmente não tem reserva fianceira para segurar muito tempo. Em geral uns 2 ou 3 meses.
- Tão logo é demitido, ele começa a procurar emprego.
- Não utiliza muito a rede de contatos canadenses para se recolocar. Até porque não tem muitos amigos canadenses.
- Aceita qualquer trabalho para recomeçar.
- Quando arruma um emprego de novo, não se preocupa em guardar um dinheiro extra para uma futura necessidade (por exemplo: ser demitido de novo).
- Costuma se abater profundamente psicologicamente, principalmente se as primeiras tentativas de conseguir um emprego fracassarem.
Desempregado canadense
- Quase sempre tem uma boa reserva financeira ou a mulher (ou os filhos) tem um emprego que garante o sustento da família.
- Não sai correndo atrás de uma recolocação. Geralmente, tira umas férias, faz uma análise do currículo, faz uma avaliação da carreira, etc, etc... Pode levar até 6 meses para começar a procurar um emprego de novo.
- Utiliza intensamente a rede de amigos e contatos para obter uma indicação para algum "emprego oculto".
- Não trabalha em qualquer coisa.
- Quando arruma um emprego, volta a guardar e repor o dinheiro que gastou durante o desemprego.
- Os caras são frios feito gelo. Podem estar na maior miséria... não deixam a cabeça abaixar e mantêm sempre a confiança e a superioridade nas entrevistas.
Por fim, vou relatar o que ouvi do meu gerente dois dias depois que eu tinha sido contratado.
Eu estava na minha mesa e ele chegou para conversar com a minha colega sobre uma entrevista que ele tinha acabado de fazer com um candidato para uma vaga aberta.
- E aí ? Como foi a entrevista? - perguntou minha colega.
- O cara não tem muita experiência, mas gostei muito do entusiasmo que ele me passou. O tempo todo o cara tinha um enorme sorriso no rosto e demonstrava uma enorme vontade de trabalhar. Acho que é deste tipo de pessoa que precisamos para nossa equipe. - respondeu o gerente.
Resultado: hoje este cidadão é gerente de projetos.
Motivação, confiança, determinação e coragem = resultado.
Que fique a mensagem.
Abraços a todos.
quinta-feira, junho 11, 2009
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8 comentários:
Você Rogério, é uma pessoa de quem admiro muito a sabedoria, bom senso e observação. Sempre de olho no que acontece ao seu redor, e melhor, aprendendo sempre com isso!
Parabéns pelas postagens!
Gostei! Há muito a se pensar, refletir... às vezes a gente acha que é melhor manter uma cara mais séria durante a entrevista, enquanto o cara quer ver justamente o contrário!
Abs,
Mariana
Eles sao assim mesmo. Fiz uma grande amizade com uma pessoa que fiz entrevista. Ela me disse que o idioma nao é barreira e que a ansiedade é um motivo de exclusão. Disse tb que planos de curto, médio e longo prazo bem definidos nos fazem aparentar mais seguros e menos vulneráveis à pedir para sair do emprego por causa de dificuldade. Ela disse que um sorriso e uma firmeza no aperto de mao garantem uns bons pontos na entrevista.
Estou ensaiando, vamos ver se da certo... pq a chomage nao é fácil nao...
bjos,
Camila
Olá Rogério e Luciane!
Eu acompanho o blog de vocês e gosto muito dos posts de vocês.
Gosto da claresa que vocês abordam os assuntos e essa série sobre emprego foi muito boa. Talvez pelo fato de vocês terem passado na pele tenha ficado bastante rico em detalhes.
Estou compilando um post para por no nosso blog sobre esses posts sobre emprego que vocês escreveram.
Parabéns pelo blog e muitas felicidades e sucesso para vocês.
Flávio e Maíra
candafm.wordpress.com
Oi Rogerio e Lu,
Passamos por a experiência do desemprego a pouco, vcs sabem da historia. Como exceçao tinhamos uma boa reserva de dimdim pra poder esperar novamente um emprego na area. Mas, mesmo assim ficamos com todas as neuras possiveis pq o telefone nao tocava! É que a gente vem pra ca querendo trabalhar, quando chegamos até organizar tudo e arrumar o 1o emprego tiramos umas férias forçadas, depois tem a historia do dinheiro so saindo, da nao integraçao etc e tal.
Enfim acho que este é o nosso jeito, hehehe.
Mas a formula que vc citou no fim do post com certeza da um super empurrao!
Bjo,
Pri,Mau e JP.
Ótimo post. Tenho pesquisado muito a respeito da imigração, lido vários blogs, mas poucos publicam relatos ou pontos de vista com a mesma perspectiva utilizada no comparativo.
Parabéns.
Você falou tudo, meu amigo. A forma do brasileiro de encarar o desemprego é mesmo muito diferente. Nos chegamos a ficar chocados com uma amiga nossa quebecoise que estava desempregada, mas que estava feliz de poder curtir o verao.
Acho que isso tem a ver mesmo com um 'trauma' que nos brasileiros temos com 'estar desempregado'. Graças a Deus, a gente aqui nao precisa de preocupar tanto. Nao sei se vcs sabem, Xanditz tb foi demitido, mas graças a Deus estamos em paz.
Fiz um post hj comentando coisas parecidas com o que vc falou hj aqui. Nao sobre desemprego, mas no caso, sobre ATITUDE.
Bjo grande, apareçam..
Eu sempre tive a opinião de que atitude conta muito. Taí a prova.
E a vida segue...
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